A alimentação ruim e deficiente de nutrientes tem contribuído para o aumento da obesidade e de doenças crônicas, como os tipos de diabetes. Segundo um relatório da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), divulgado em 2022, apenas nas Américas, o número de diabéticos triplicou nos últimos 30 anos — e esse crescimento está associada ao sedentarismo e aos maus hábitos alimentares.
Os níveis irregulares de açúcar no sangue exigem medicação para controle e, acima de tudo, uma alimentação que combata a hiperglicemia. A medicina moderna ainda não encontrou uma cura para a doença, portanto, a melhor saída é preveni-la ou mantê-la bem gerenciada.
No dia 26 de junho, celebra-se o Dia Nacional de Consciência Sobre a Diabetes. Vamos descobrir mais a respeito? Confira!
O que é e quais são os tipos de diabetes?
De modo geral, a diabetes é uma doença que se caracteriza pelo excesso de açúcar no sangue. Em um organismo saudável, o pâncreas produz o hormônio insulina, responsável por transformar o açúcar que consumimos ao se alimentar, em energia. Essa é a principal missão do carboidrato.
No entanto, ao ser consumido em quantidades além das necessárias, surge uma disfunção e o corpo se torna resistente a esse hormônio, trazendo diversas complicações.
É preciso destacar que, mesmo com a mesma descrição, há diferentes tipos de diabetes. É importante saber diferenciá-los! Entenda melhor os tópicos a seguir.
Diabetes tipo 1
Autoimune, o diabetes tipo 1 costuma aparecer em crianças e adolescentes. É caracterizado pela sede excessiva e a vontade constante de urinar, além da perda de peso ou dificuldade para ganhá-lo. Quem tem diabetes tipo 1 também pode sentir formigamento nas pernas e pés, apresentar fungo nas unhas e feridas que demoram para cicatrizar.
Por ser uma doença autoimune, entende-se que o sistema imunológico ataca o próprio pâncreas, destruindo-o e incapacitando-o de produzir a insulina, indispensável para reduzir a quantidade de açúcar no sangue. Por isso, o tratamento demanda reposição hormonal.
Esse tipo, porém, é o menos comum e afeta apenas 10% das pessoas com diabetes. Se houver casos na família ou predisposição genética, as chances de a doença aparecer são consideráveis. Inclusive, crianças que sofrem com frequentes infecções também se tornam mais suscetíveis.
Diabetes tipo 2
A diferença do tipo 1 para o tipo 2 é que, nesse segundo caso, o organismo cria uma resistência à insulina devido à alta de sua própria produção. Ao consumir mais açúcar, derivado de uma má alimentação, o pâncreas produz cada vez mais insulina, o que causa o protesto de órgãos como o fígado. Então, o corpo desenvolve uma oposição contra a ação hormonal, fazendo com que a glicose não seja devidamente metabolizada.
Presente em 90% dos casos, esse é o tipo de diabetes que mais cresce entre a população mundial, graças ao proporcional aumento do sedentarismo e as más práticas alimentares, com consumo excessivo de alimentos industrializados, ricos em carboidratos e gorduras.
A diabetes tipo 2 é uma doença difícil de diagnosticar devido à ausência de sintomas. Muitas vezes, o diabético passa anos sem saber do problema até apresentar um quadro mais sério ou uma complicação associada, como um desmaio ou convulsão graças a hiperglicemia.
No entanto, alguns sintomas que ocasionalmente surgem são a sede excessiva, o formigamento nos pés e pernas, feridas que demoram para cicatrizar, vontade frequente de urinar e visão embaçada.
Pré-diabetes
A pré-diabetes, como o próprio nome antecipa, é a fase que antecipa a diabetes tipo 2. Quando descoberta ainda nesse período, é possível revertê-la com a mudança de hábitos de vida, melhorando a alimentação e incorporando uma atividade física na rotina, na maioria dos casos.
A condição é caracterizada pela pouca quantidade de insulina produzida ou quando o hormônio não atua como esperado. O metabolismo dos carboidratos é alterado, fazendo com que os níveis de glicose fiquem acima do considerado saudável. É uma forma que o organismo encontra de alertar que algo está errado e que, naquele ritmo, a situação vai se agravar em breve.
Diabetes gestacional
A diabetes que surge durante a gestação tende a durar apenas o período de gravidez. Ela pode ser desencadeada pela ação dos hormônios produzidos pela placenta, que reduzem a efetividade da insulina, para aumentar a nutrição do feto. Assim, o corpo entende que precisa produzi-la em maior quantidade, o que aponta o distúrbio em um exame de rotina.
Entretanto, se a grávida for obesa (ou tiver sobrepeso), ganhar mais quilos que o considerado saudável na gravidez, tiver a síndrome dos ovários policísticos (SOP), hipertensão ou até mesmo um histórico da doença, ela se torna mais propensa a apresentá-la em outra gestação.
Na gravidez, a diabetes pode se apresentar por meio de náuseas, sede excessiva, vontade frequente de urinar, fadiga, boca seca e ganho de peso excessivo. Como pode ver, os sinais se assemelham bastante ao de uma gestação habitual, portanto, sem o acompanhamento dos exames, é impossível diagnosticar a doença e tomar as devidas medidas.
Estando gestante, entende-se que os riscos são ainda maiores, pois podem prejudicar mãe e bebê. Há risco de aborto, parto prematuro e pré-eclâmpsia, bem como de a criança nascer com peso elevado. Ela se torna mais suscetível a ter diabetes na infância ou adolescência, bem como a ser obesa.
Como se diagnostica a diabetes?
Apesar de usar parâmetros diferentes, todos os tipos de diabetes são diagnosticados da mesma forma: através do sangue. A pré-diabetes, por exemplo, é confirmada quando o teste de glicemia aponta a partir de 100mg/dl em jejum.
Já o tipo 1 e o tipo 2 são verificados quando o teste de glicemia aponta a partir de 126mg/dl. Na gestação, por outro lado, é indicado que a gestante faça dois testes em fases diferentes. No primeiro trimestre, através do hemograma completo. Se a glicemia for acima de 92mg/dl, ela já pode se considerar diabética.
Se a glicemia der menos, no segundo trimestre, é necessário realizar o TOTG – Teste Oral de Tolerância à Glicose ou exame de curva glicêmica. A gestante tem o sangue colhido em jejum e, em seguida, toma uma solução concentrada de glicose. Uma hora depois, o sangue é colhido de novo, e mais uma vez 2 horas após a primeira retirada.
O rastreamento acontece dessa forma:
- em jejum: menor ou igual a 92 mg/dl;
- primeira coleta: menor ou igual a 180mg/dl;
- segunda coleta: menor ou igual a 153mg/dl.
Se em um dos três, o resultado for superior, temos um diagnóstico de diabetes gestacional. Lembrando que a análise deve ser realizada junto com o obstetra, bem como as recomendações a serem tomadas a partir desse momento.
Como se trata a diabetes?
O tratamento da diabetes, embora sempre dependa da insulina, varia de acordo com o tipo. Quem apresenta o tipo 1 precisa de injeções diárias do hormônio, para baixar a glicose, mantendo-a em um nível saudável. O manuseio das aplicações deve ser acompanhado da frequente medição e, para isso, usa-se um aparelho chamado glicosímetro, que é comprado em farmácias, junto com as tiras, que são descartáveis. Esse tratamento se chama insulinoterapia.
Já o tipo 2, deve ser avaliado junto com o endocrinologista, a fim de identificar a melhor medicação. Essas se dividem em três grupos:
- Inibidores da alfaglicosidase: atuam impedindo a ingestão e absorção de carboidratos pelo intestino;
- Sulfonilureias: atuam estimulando a produção pancreática de insulina pelas células;
- Glinidas: atuam estimulando a produção de insulina.
Alguns desses remédios são de uso oral, outros subcutâneo, quando se faz necessária a injeção de insulina. Ela não pode ser tomada como comprimido, porque os ácidos do estômago a destroem. Eles são disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde, assim como as tiras usadas para medição.
Além do tratamento medicamentoso, é indispensável que haja uma mudança de hábitos imediata, com uma dieta correspondente a essa condição e a prática de uma atividade física, pois essa contribui para reduzir a glicemia no sangue. Inclusive, fora o suporte no tratamento, essas medidas também ajudam a prevenir a doença.
Como prevenir a diabetes?
O tipo 1 da diabetes é o único que não tem como ser prevenido. O tipo 2, a pré-diabetes e a gestacional podem ser antecipados desde que a pessoa cuide de sua saúde física e mental. Veja a seguir algumas dicas de como pôr isso em prática!
Alimentação balanceada
Assim como a alimentação é o que pode desencadear o distúrbio, ela também pode favorecer sua remissão, desde que se façam boas escolhas! O primeiro passo é evitar o consumo de doces e frituras, alimentos com alto teor de açúcar, e que não apresentam valor nutritivo para o organismo.
A segunda é aumentar a ingestão de frutas, em especial o abacate e a maçã. Os dois previnem a absorção do colesterol ruim (LDL) e retardam a glicose no sangue. Também vale a pena consumir mais fontes boas de carboidrato, como a aveia, que é, ainda, uma excelente fonte de fibras, substâncias que desaceleram a chegada do açúcar no sangue.
Por fim, dê preferência a peixes (salmão, atum e sardinha são boas opções) e folhas na hora das refeições. Brócolis, couve-manteiga, rúcula e agrião são ricas em vitaminas e prolongam a sensação de saciedade.
Atividade física
A atividade física é tão benéfica que sua prática afasta não apenas a diabetes descontrolada, como problemas no coração e a obesidade, bastante associados ao primeiro. Manter o corpo em movimento aumenta a sensibilidade à insulina nas células.
Em outras palavras, quando o diabético se exercita, menos insulina vai ser necessária para manter um nível saudável de glicose no sangue. E se ele gostar de atividades de alta intensidade, como o crossfit, os resultados são ainda mais promissores, principalmente se estivermos diante de um quadro de pré-diabetes, em que a situação é contornável.
O mais importante nesse hábito é a disciplina e a constância. É necessário firmar um compromisso consigo mesmo, pois, para alcançar os resultados prometidos, não se deve ultrapassar 48 horas de descanso. Por isso faz sentido encontrar um esporte com o qual se identifique. Se não for algo que goste e seja possível incluir no dia a dia, com a regularidade necessária, vai ser impossível manter no longo prazo.
Saúde mental
Sabe o que pode elevar a glicemia no sangue? O cortisol, hormônio associado ao estresse. Quanto mais alto ele estiver, mais glicose será liberada no sangue, pois o organismo entende que a pessoa precisa de energia para lidar com a situação que está enfrentando.
Com isso, entendemos que pessoas que se estressam frequentemente ou com facilidade, assim como aquelas que convivem com outros transtornos, como a ansiedade, precisam tomar cuidado dobrado com essa ameaça, pois estão naturalmente mais vulneráveis.
O acompanhamento terapêutico, bem como o tempo de qualidade para fazer as atividades que lhe dão prazer, têm eficácia nesse sentido. Quando nota que o estresse está passando do limite, é preciso tomar alguma medida para equilibrá-lo!
Sono
Um sono de qualidade também ajuda a afastar a diabetes. Isso pode ser explicado, porque, com o corpo restaurado e relaxado após as oito horas de sono necessárias, o apetite da pessoa é mais equilibrado. Quanto menos ela dorme, mais sente necessidade de comer.
O metabolismo é desfavorecido quando o sono não está em dia. Episódios de insônia também abrem as portas para outros problemas, como aumento de peso e hipertensão. Não negligencie seu descanso, ele é essencial até para prevenir doenças!
Álcool e tabaco
Segundo uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, quem fuma apresenta um risco 54% maior de desenvolver diabetes, mas esse potencial cai 30% para quem abandona o hábito (14%). O álcool, por influenciar diretamente o metabolismo, também favorece o aparecimento da doença, pois é altamente calórica, e a situação piora se a ingestão acontecer quando o estômago estiver vazio. Então, evite!
Conhecer os tipos de diabetes é importante para conseguir diferenciá-las e estar apto a lidar melhor com o tratamento, caso receba o diagnóstico. A especialidade médica responsável por acompanhar os diabéticos é a endocrinologia, focada na ação hormonal e no metabolismo. Vale lembrar que a diabetes pode ser prevenida! Invista em boas escolhas na sua alimentação e colha os frutos através da longevidade.
Quer saber mais sobre a diabetes? Veja esse artigo sobre o tema!
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