O ano de 2017 chegou com uma notícia que preocupa todo mundo: um surto de febre amarela em Minas Gerais, com 57 casos confirmados, 141 em investigação, além de 23 mortes confirmadas e 31 suspeitas de relação com a doença.
Além dos casos em Minas, oito casos suspeitos foram identificados no Espirito Santo. São números* que realmente impressionam; afinal, entre julho de 2014 e dezembro de 2016, apenas 15 casos foram confirmados em todo o Brasil.
Sob o efeito da notícia, muitas pessoas começaram a buscar informações sobre vacinas, tipos de febre amarela, locais de risco etc. Nada mais normal e esperado não é mesmo?
Por conta desta situação, reunimos neste post oito fatos sobre a febre amarela para que você, leitor (a) do blog, possa ficar bem informado (a) – e compartilhar com seus amigos e familiares.
*Dados até 19/01/2017.
1. Não existem dois tipos de febre amarela.
A febre amarela é uma doença infecciosa, causada por um vírus transmitido por mosquitos. A doença é considerada aguda e hemorrágica, e recebe este nome porque, em casos mais graves, causa amarelidão no corpo.
A infecção pode ser categorizada de duas formas: febre amarela urbana, quando é transmitida pelo Aedes aegypti (mesmo mosquito transmissor da dengue, chikungunya e zika); ou febre amarela silvestre, transmitida pelo Haemagogus e Sabethe.
Apesar dos nomes e dos vetores serem distintos, o vírus, a manifestação da doença e sua evolução clínica são os mesmos. Portanto, não existem dois tipos de febre amarela; esta diferenciação é feita apenas para ajudar nas estratégias contra a disseminação da doença.
2. Só mosquitos transmitem o vírus aos humanos.
O mosquito é infectado ao picar uma pessoa ou animais com o vírus e passa a transmiti-lo para quem ele picar. A pessoa infectada permanece em estado de viremia, ou seja, com capacidade de transmitir o vírus para outros mosquitos, por até sete dias após ter sido picada.
Importante: não há relatos de transmissão de febre amarela direta entre pessoas.
3. Nem todos os infectados apresentam sintomas, mas a doença é muito grave.
Parte das pessoas que contraem o vírus não apresenta sintomas, ou os mesmos são muito fracos. As primeiras manifestações da doença, quando ocorrem, são repentinas: De três a seis dias após ter sido infectada, a pessoa apresenta os sintomas iniciais, como febre alta, calafrios, cansaço, dor de cabeça e náuseas.
A forma mais grave da doença é rara e costuma aparecer após um breve período de bem-estar (até dois dias), quando podem ocorrer insuficiências hepática e renal, icterícia (olhos e pele amarelados), manifestações hemorrágicas e cansaço intenso.
Importante: apesar de não haver sintomas em parte dos casos, a doença é muito grave. A taxa de mortalidade no Brasil, entre 2000 a 2016, é de 48%.
4. O que fazer se estiver infectado (a).
Se identificar alguns desses sintomas, procure imediatamente um médico e informe sobre qualquer viagem para áreas de risco nos 15 dias anteriores ao início dos sinais e se você tomou a vacina contra a febre amarela, e a data.
Como não há tratamento específico contra a doença, o médico irá tratar os sintomas com analgésicos e antitérmicos, além de ficar atento a um possível agravamento do quadro clínico.
5. Mais um motivo para combater o Aedes Aegypti
Como a transmissão urbana da febre amarela só é possível através da picada de mosquitos Aedes aegypti, a prevenção da doença deve ser feita evitando sua disseminação. Saiba como neste post sobre o combate ao Aedes Aegypt.
6. Quem deve se vacinar
No Brasil, nas áreas de risco, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) orienta uma dose aos nove meses, com reforço aos quatro anos. Acima desta idade, duas doses, com intervalo de dez anos, são recomendadas.
Em situações de surto, nas mesmas áreas de risco, recomenda-se antecipar a primeira dose para os seis meses de idade, repetindo-se a vacinação aos nove meses e quatro anos de idade.
Aqueles que residem ou irão viajar para regiões endêmicas de febre amarela também devem se vacinar seguindo as regras acima.
Viagens ao exterior: alguns países exigem o certificado internacional de vacinação de pessoas provenientes de regiões endêmicas, como o Brasil. Como a Organização Mundial de Saúde (OMS) tem regras diferentes das brasileiras (considera que apenas uma dose é suficiente para toda a vida), se você for viajar, consulte o consulado do país para entender as regras.
7. Contraindicações da vacina
A vacina pode causar reações adversas, sendo contraindicada para pessoas com doença febril aguda; com histórico de alergia grave ao ovo de galinha e gelatina; que estejam submetidas a terapias imunossupressoras; e para menores de seis meses de idade.
Atenção: também podem ocorrer reações em gestantes, idosos e pessoas com doenças autoimunes, como lúpus. Por isso, estas pessoas só devem tomar a vacina com orientação de um médico, que irá avaliar os riscos e benefícios da vacinação.
8. Áreas de risco
Atualmente 18 estados e o Distrito Federal tem áreas de risco. Não estão na lista os estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Rio de Janeiro e Espirito Santo (este último, com suspeita de casos recentes).
Por isso, como a classificação obedece a critérios epidemiológicos dinâmicos, está sempre sujeita a atualizações (após este surto, por exemplo, alguns municípios do Rio de Janeiro, Bahia e Espirito Santo irão receber doses da vacina).
Desta forma, mantenha-se informado (a) por meio dos órgãos públicos, como as Secretarias Estaduais e Municipais e o Ministério da Saúde.
Dica: em alguns estados, nem todos os municípios estão em áreas de risco. Para informações mais detalhadas sobre as regiões afetadas, você pode acessar o site do Cives – Centro de Informações em Saúde para Viajantes, da UFRJ.
Saiba mais
Conheça as fontes consultadas para elaboração deste post.
Fiocruz: informações sobre a doença
Fiocruz: informações sobre vacinação
Ministério da Saúde: perguntas e respostas sobre a febre amarela
CIVES: Dentro de Informações em Saúde para Viajantes – UFRJ