A pandemia da Covid-19 chamou atenção para a necessidade de as empresas observarem a saúde mental de seus colaboradores. Apenas em 2020, os casos de ansiedade cresceram 25% em todo o mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. Os de depressão aumentaram na mesma proporção. Com isso, a prevenção ao suicídio se torna ainda mais urgente, para além de campanhas como Setembro Amarelo.
É provável que você já tenha visto algum comunicado sobre o tema, na TV ou até no trabalho. Grandes marcas se engajam e se associam para promover iniciativas de combate a esse ato fatal. Mas como a campanha funciona e como ela surgiu? Descubra nos próximos tópicos.
O que é Setembro Amarelo?
Assim como o Outubro Rosa e o Novembro Azul, o Setembro Amarelo é uma campanha que foca na conscientização a respeito de um tema essencial: a prevenção ao suicídio. No Brasil, que registra uma morte assim a cada 46 minutos, é uma questão de saúde pública. No mundo, é pior: um suicídio é provocado a cada 40 segundos.
Os jovens com faixa etária entre 15 e 29 anos são os mais atingidos. Transtornos como a depressão, a ansiedade e o pânico estão entre os fatores de risco, que potencializam o uso desse recurso por parte dos pacientes. Então, o objetivo da campanha é justamente falar sobre o tema, que carrega tanto tabu e contribui, indiretamente, para que seja tão frequente.
Como o Setembro Amarelo surgiu?
Apesar de existir há mais tempo, a campanha chegou ao Brasil em 2015, por meio do Centro de Valorização da Vida (CVV), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). Inicialmente restrita a Brasília, em pouco tempo rodou o país e agora faz parte do calendário social.
Antes de desembarcar por aqui, a campanha acontecia em outros países desde 2003. Desenvolvida pela OMS e a Associação Internacional para Prevenção do Suicídio, a intenção é aproximar e conscientizar a todos sobre a importância de cuidar da saúde mental e não tomar medidas extremas em hipótese nenhuma. Nesse mesmo ano, o dia 10 de setembro foi escolhido como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio.
Por que Setembro Amarelo?
Se prestar atenção, vai perceber que essas iniciativas sempre usam cores para caracterizá-las. Temos o Janeiro Branco, o Abril Verde, o Dezembro Vermelho… e o Setembro Amarelo. Esse tom foi escolhido para homenagear Mike Emme. Ele foi um jovem americano que se suicidou aos 17 anos. Tinha um mustang amarelo, o que serviu para a cor ganhar um mês só para si.
Como identificar alguém que esteja precisando de ajuda?
Pessoas que estejam prestes a se suicidar nem sempre conseguem pedir ajuda. Por isso, quem está por perto tem que ficar de olho e atento aos sinais que, eventualmente, podem aparecer. A vigilância é a principal medida de segurança contra esses episódios.
Apatia
A indiferença é um dos sinais mais comuns. Repare se a pessoa perdeu o interesse pelo que gostava. Algumas pessoas abrem mão de todos os cuidados consigo, deixando de se exercitar, alimentar-se bem e, até, tomar banho. É quase como se estivessem vivendo uma realidade paralela. Assim, ficam apáticos quanto ao que está acontecendo ao seu redor.
Isolamento
Com esse comportamento, ela vai perdendo o interesse e a disposição para interagir com outras pessoas. Não sai de casa e fala cada vez menos. Apega-se a hábitos como dormir, e o faz com maior regularidade. Aos poucos, vai se isolando dos amigos e familiares, voltando-se para o próprio mundo. Na proporção que se afasta, a tristeza vai aumentando, junto à solidão.
Pessimismo
O suicida em potencial não é otimista e sempre considera o pior cenário possível. Frequentemente, sua expressão está para baixo ou indiferente. O pouco que ainda se comunica demonstra sua falta de alegria. Esse pessimismo acaba por isolá-lo ainda mais, reduzindo a quantidade de oportunidades de melhoria. Em outras palavras, quanto menos colegas e parentes estiverem por perto, mais numerosas serão as oportunidades de desistir de si mesmo.
Alterações de humor
Cerca de 96,8% dos casos de suicídio estão associados a transtornos como depressão e bipolaridade. Esse último explica as oscilações de humor. A pessoa demonstra estar bem e horas depois, aparenta ter recebido a pior notícia de sua vida. Essas alterações são causadas pelos gatilhos. Uma vez que aconteçam, é necessário se manter por perto do indivíduo e tentar acalmá-lo, lembrando-lhe do que não é real.
Doenças psiquiátricas
Como o tópico anterior descreveu, doenças psiquiátricas são fatores de risco para o suicídio. Portanto, portadores dessas enfermidades precisam de acompanhamento com psiquiatra e, eventualmente, de medicação para controle dos sintomas. Se possível, também deve realizar terapia com um psicólogo. Esse acompanhamento faz bastante diferença para o tratamento e pode ser decisivo para salvar uma vida!
Se você conhece alguém que já tentou se suicidar ou demonstrou algum desses sinais, ponha-se à disposição para ouvi-lo. Mas atenção! Essa escuta deve ser empática. Nem pense em julgar ou desmerecer o sentimento que a pessoa sente. Isso vai fechá-la ainda mais para os outros, reforçando seu isolamento.
Aproveite a confiança para apoiar. Analise a situação com base no que ouvir e reporte aos familiares ou amigos. Alerte-os sobre a possibilidade e remova os meios para se suicidar. Se puder, faça isso periodicamente. Lembre a quem está assim que você está disponível para ouvir e ajudar como puder.
Sentir-se importante e valorizado é essencial para que essas pessoas melhorem. Quadros depressivos são caracterizados justamente pela indiferença e solidão. Ao prestar apoio, você vai quebrar o ciclo, comprovando como aquela pessoa é importante para você.
Cerca de 90% dos suicídios podem ser evitados. Esse número cresce a cada dia e é nossa responsabilidade lutar para combatê-lo. Estar próximo já é uma grande ajuda e conhecer sobre o assunto só auxilia a todos. Tirar a própria vida não deve ser uma possibilidade para ninguém resolver os próprios problemas. Vamos fazer o Setembro Amarelo valer a pena, cuide de quem você ama!
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