Guia completo sobre saúde mental no trabalho

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Esqueça aquela ideia tradicional de que saúde mental no trabalho não é prioridade, mas sim remuneração e plano de carreira. Prova disso é que mais de 600 mil funcionários se demitiram do trabalho em 2022, segundo o Cadastro Nacional de Empregados e Desempregados (Caged), do IBGE.

Essa taxa ocorre mesmo em meio à crise de emprego da covid-19 e a onda de layoff, principalmente em startups e empresas de tecnologia. Isso sinaliza que os profissionais atuais não tendem a se sujeitar a trabalhos que não proporcionam qualidade de vida.

Claro que ter esse poder de escolha ocorre majoritariamente entre profissionais qualificados, com ensino superior completo. Afinal, eles têm mais facilidade em voltar para o mercado de trabalho. E ainda, existe mais condições para eles montarem uma reserva de emergência para manterem o padrão de vida enquanto não conseguem outro emprego.

Percebe como investir no maior cuidado com a saúde mental no trabalho é importante para diminuir o turnover? Existem outras razões que justificam esse investimento, além de mais informações relacionadas. Continue a leitura e fique por dentro!

O que é saúde mental?

Consiste no nível de qualidade de vida emocional e cognitiva de alguém, além da ausência de transtornos relacionados à mente. Ou seja, ter saúde mental significa um maior controle das emoções negativas — como estresse, ansiedade, raiva etc. — em troca de maior produtividade e bem-estar.

Isto é, pessoas com saúde física tem disposição para realizar atividades rotineiras, como levantar, andar, caminhar, correr e muito mais. No entanto, quanto o bem-estar físico está comprometido, se torna mais difícil colocar essas ações em prática.

Com a saúde mental é a mesma lógica: o indivíduo tem dificuldade em gerenciar as emoções e sente a mente prejudicada constantemente. Se isso ocorre no trabalho, significa que é mais difícil ser produtivo, receber feedbacks de maneira construtiva, ter boas relações com a equipe, enxergar crescimento profissional etc.

É comum que o ambiente de trabalho seja mais propício para o adoecimento da mente. Afinal, ele costuma envolver muitas cobranças de prazo e alta performance, competição entre colegas de trabalho, sobrecarga, casos de assédio moral e sexual etc.

Nem todos os trabalhos apresentam essas características e quando elas existem, podem ser em menor nível. Caso contrário, é como se o colaborador trabalhasse em um campo minado, sendo obrigado a driblar diariamente pensamentos e situações tóxicas.

Se o indivíduo já tem uma maior predisposição a transtornos mentais, como resultantes de fatores genéticos, os riscos são ainda maiores.

Qual é a importância da saúde mental?

A saúde mental é importante porque diz respeito ao bem-estar da mente e da qualidade de vida. Se ela tem dificuldade para relaxar por ter constantemente contato com pensamentos negativos, se torna mais difícil dormir.

As consequências da má qualidade do sono envolvem o maior risco do aparecimento de doenças. Entre elas, obesidade, diabetes e hipertensão. Isso porque durante o sono, o organismo regula substâncias relacionadas à estabilidade física, mental e emocional.

Essas doenças podem afetar a vida profissional por exigir ausências para consultas médicas, internações, repousos etc. Afinal, tratam-se de doenças séries e que exigem cuidados específicos.

Dormir mal também intensifica o estresse, pelo descanso insuficiente para o indivíduo recarregar as energias. O estresse excessivo e crônico pode levar ao esgotamento mental, como ocorre com boa parte dos brasileiros. Isso faz com que o Brasil seja o 2º país com maior número de colaboradores estressados.

Além disso, um problema pode levar a outro. Isto é, alguém pode se estressar pelas condições do trabalho. Entretanto, sobrecarrega ainda mais a mente ao pensar que precisa dar o melhor de si para garantir a renda.

Essa autocobrança pela melhor performance, junto com a cobrança dos chefes, gera ainda mais pressão sobre a mente. Se os indivíduos tiverem mais responsabilidades financeiras, como ao ter filhos dependentes, cuidar dos pais, ter dívidas etc., o problema se intensifica.

Conforme mencionado, profissionais mais qualificados tendem a não se submeter em situações como essas, principalmente os da geração Z, com nascidos entre 1990 e 2010. É o que mostra o estudo Work Trend Index 2021, da Microsoft.

Isso porque as aspirações desse público diferem das gerações anteriores. Logo, para mantê-los no mercado de trabalho e aproveitar o potencial oferecido, é essencial garantir mais bem-estar no trabalho.

Quais são os dados sobre saúde mental no Brasil?

Como visto, o Brasil bate recordes quanto ao número de profissionais estressados. Isso não afeta unicamente o colaborador, já que a empresa lida com um profissional menos produtivo e, em muitos casos, precisa arcar com afastamentos.

Por exemplo, a depressão é um transtorno mental responsável por mais de 75 mil pessoas no Brasil, segundo a Previdência Social. Além disso, problemas mentais geram 37,8% das licenças médicas no país, conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS).

A situação fica ainda mais delicada porque a síndrome de Burnout, associada ao esgotamento pelas rotinas de trabalho desgastantes, entrou em 2022 na lista de doenças ocupacionais. Isso significa que as empresas podem ter que arcar com custos de afastamento e tratamento médico.

Por outro lado, o dinheiro investido para lidar com problemas de saúde mental poderia ser investido para prevenir transtornos. Para cada US$ 1 investido em ações que promovem o bem-estar mental US$ 4 refletem em ganhos com a maior produtividade. Os dados são da a WHO (World Health Organization).

É importante considerar esse investimento porque transtornos mentais, como depressão e ansiedade, custam caro. A mesma pesquisa da WHO mostra que a economia mundial perde cerca de US$ 1 trilhão com eles, para conter problemas diretos e indiretos. Afinal, eles podem interferir nas habilidades laborais, motivação, autoconfiança etc.

O que a legislação aponta sobre as condições de trabalho?

Ter saúde física e mental é um direito existente no trabalho, segundo a Organização das Nações Unidas. Contudo, o modelo de vida socioeconômica atual, de forma geral, reflete em uma remuneração incompatível com o esforço e o custo de vida e jornadas desgastantes.

Tudo isso exigiu a criação de organizações como a Organização Internacional do Trabalho (OIT), surgida em 1919. Ela afirma junto com a OMS, que a saúde mental é uma área muito negligenciada na saúde pública, levando até a subnotificações de transtornos.

Entretanto, é preciso ter saúde física e mental para conseguir trabalhar, o que é uma das responsabilidades do empregador. Apesar disso, esse assunto ainda é pouco falado na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), para quem tem carteira assinada e nas normas regulamentadoras (NRs).

Elas falam muito sobre o direito do trabalho ter um ambiente de trabalho seguro, licença médica de 15 dias, auxílio doenças do INSS para afastamentos etc. Logo, a pouca existência de normas específicas pode agravar ainda mais o problema de saúde mental.

Prevenção de fadiga

Ainda assim, existem algumas normas relacionadas a saúde mental que devem ser respeitadas, como

as que falam sobre redução da jornada de trabalho. Isso é importante para prevenir fadiga e transtornos mentais associados, como a Síndrome do Burnout. Entre elas:

  • ‘’Entre 2 (duas) jornadas de trabalho haverá um período mínimo de 11 (onze) horas consecutivas para descanso.’’ Trata-se do artigo 66 da CLT.
  • ‘’Será assegurado a todo empregado um descanso semanal de 24 (vinte e quatro) horas consecutivas, o qual, salvo motivo de conveniência pública ou necessidade imperiosa do serviço, deverá coincidir com o domingo, no todo ou em parte.’’ Presente no artigo 67 da CLT.
  • ‘’Quando o intervalo para repouso e alimentação, previsto neste artigo, não for concedido pelo empregador, este ficará obrigado a remunerar o período correspondente com um acréscimo de no mínimo 50% (cinqüenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho’’. Presente no artigo 71 da CLT.

Quais são os transtornos que impactam a saúde mental dos trabalhadores?

As doenças mentais mais comumente associadas ao trabalho são depressão, Síndrome do Burnout, ansiedade e dependência química. Esses problemas podem ocorrer por assédio moral e sexual, isolamento pelos colegas de trabalho, metas abusivas, jornadas exaustivas etc.

De todo modo, nem sempre é fácil estabelecer a relação entre o transtorno e o trabalho. Então, é preciso contar com o laudo médico e o histórico da pessoa, para avaliar se o problema pode ter surgido previamente ou por fatores externos ao ofício.

Quais são os fatores de risco para a saúde mental no trabalho?

Sofrer bullying, assédio (moral ou sexual), ter jornadas sem flexibilidade de horários, excesso de trabalho, ameaça de demissão etc. são fatores de risco para a saúde mental no trabalho. Além de prejudicar a qualidade de vida, esses problemas também podem afetar a produtividade e as relações sociais.

Os profissionais que mais costumam ser afetados por isso são os idealistas. Afinal, eles costumam depositar no trabalho a realização dos sonhos e a satisfação pessoal, o que tende a ser frustrado quando o ofício não é saudável.

Outros riscos associados aos problemas de saúde mental no trabalho envolvem falha de comunicação entre os gestores e pouca autonomia para tomar decisões. Nesses casos, mesmo que os profissionais tenham competência para executar as demandas, falta apoio organizacional para colocá-la em prática com eficiência.

Como melhorar a saúde mental dos trabalhadores?

Para evitar transtornos mentais, que afetam a qualidade de vida e o desempenho no trabalho, o empregador pode promover algumas ações. Confira as sugestões!

Incentive a prática de atividades físicas

Se exercitar libera hormônios do bem-estar, como endorfina e serotonina, que fazem bem para o corpo e para a mente. Então, ofereça planos em centros esportivos ou com educadores físicos para que os colaboradores tenham um incentivo a mais para sair do sedentarismo.

Além disso, também é uma opção promover momentos de lazer que sirvam como atividades físicas. Por exemplo, incluir sinuca no escritório para incentivar os colaboradores a ficarem de pé, bonificações para quem usar mais a escada etc.

Promova a interação entre os colegas

Montar o escritório com atividades de lazer, como sinuca, é um exemplo de promoção de interação entre os colegas. Assim, nos intervalos eles podem se distrair e ter momentos divertidos juntos, propícios para se conhecerem e criar afinidades.

Além disso, muitas empresas também tem happy hour no calendário interno. Desse modo, a interação entre a equipe é ainda mais intensa do que apenas nos intervalos do trabalho.

Realize eventos voltados para a saúde mental

Janeiro branco e Setembro Amarelo são alguns períodos propícios para a realização de eventos voltados para a saúde mental. Assim, é uma sugestão contratar profissionais especializados para tocar na temática e promover atividades, como aulas de yoga e alongamento.

O ideal é que, para além das aulas, os colaboradores entendam a importância de parar e valorizar outros aspectos da vida para que não seja o profissional. Nesse sentido, contar com psicólogos e psiquiatras em palestras e rodas de conversa durante uma campanha é sempre bem-vindo.

Tenha canais para receber feedbacks

É importante que o trabalho esteja aberto para ouvir críticas construtivas e reclamações dos colaboradores para identificar problemas que possam afetar a saúde mental. Por exemplo, se as metas estipuladas têm sido pouco realistas, pressionando os colaboradores, isso deve ser esclarecido.

Nem sempre os funcionários se sentem confiantes para apontar isso diretamente aos superiores. Logo, ter canais específicos para receber feedbacks, como os que funcionam anonimamente, é fundamental.

Ofereça benefícios

Um dos principais é o plano de saúde, muitos com cobertura para atendimento psiquiátrico e psicológico. Então, os colaboradores podem prevenir e tratar problemas de saúde mental, tendo ou não relação com o trabalho.

Além disso, ter um plano de saúde à disposição para se consultar regularmente e saber que existe esse suporte, caso seja necessário cirurgia e internação é fundamental. Assim, é possível que muitos possam se sentir menos ansiosos e estressados, já que tem assistência de qualidade se necessário. E ainda, essa é uma maneira da empresa mostrar que se preocupa e valoriza o colaborador.

Então, entendeu o que pode melhorar ou piorar a saúde mental no trabalho? Como visto, existem muitos aspectos que podem cuidar ou afetar negativamente a mente de alguém. Como consequência a qualidade do ofício também se prejudica. Felizmente, algumas estratégias, como oferecer um plano de saúde, podem minimizar esse problema.

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