Muitas pessoas acordam com dores de cabeça ou na mandíbula e uma sensação de tensão nos músculos faciais. A verdade é que, ainda que não saibam o que é bruxismo, elas podem estar sofrendo desse problema.
Difícil de ser notado por quem tem, por acontecer durante o sono ou de maneira inconsciente ao longo do dia, o bruxismo acarreta uma série de sintomas que podem comprometer o sono, a qualidade de vida e a produtividade do portador.
De causas imprecisas, ele pode ter origem física ou emocional, podendo aparecer na infância e desaparecer com o tempo, se manifestar em períodos específicos ou perdurar por toda a vida, como uma condição crônica.
Ainda assim, muitas pessoas sofrem com as consequências do bruxismo a vida toda sem tomar conhecimento disso. É por essa razão que, neste post, abordamos as causas, os sintomas e os tratamentos desse distúrbio do sono associado a problemas dentários e da articulação temporomandibular. Acompanhe!
O que é bruxismo?
Trata-se de uma desordem funcional que se caracteriza pelo ranger ou apertar os dentes. Ocorre predominantemente durante o sono, mas pode se manifestar também ao longo do dia.
O bruxismo pode causar desgaste nos dentes e deixá-los doloridos ou amolecidos, além de gerar dores de cabeça e problemas ósseos, na gengiva e na articulação temporomandibular.
Frequentemente associado ao estresse, o distúrbio afeta indistintamente homens e mulheres e pode aparecer em todas as idades — o bruxismo infantil, por exemplo, acomete cerca de 15% desse grupo.
Geralmente, o diagnóstico é feito pelo dentista quando já se notam os danos dentários ou ele é percebido quando um parente escuta o barulho do ranger dos dentes durante a noite.
Bruxismo diurno e noturno: existem diferenças?
Apesar de o distúrbio ser muito mais comum durante a noite, existem diferenças entre as ocorrências diurnas e noturnas. A principal delas, como o próprio nome já diz, é o horário em que o paciente sofrerá com o ranger dos dentes.
Além dos horários distintos, o bruxismo diurno — chamado, também, de briquismo — caracteriza-se pela pressão dentária e tem relação direta com fatores emocionais.
Esse tipo de apertar desperto está relacionado a momentos emocionais mais instáveis do paciente, como estresse, ansiedade ou alterações dos níveis de alguns neurotransmissores.
Como o caso acontece durante o dia, com a pessoa acordada, é possível tentar exercer controle sobre a situação de maneira consciente, evitando manter os dentes em contato.
Uma dica boa é prestar atenção à posição dos seus dentes durante momentos de tensão. Se eles estiverem se tocando, lembre-se de que, em situações de relaxamento, eles devem ficar sempre separados.
Quais são as principais causas?
As causas que levam ao bruxismo ainda não foram completamente esclarecidas, mas sabemos que o problema pode estar associado a fatores genéticos, físicos e psicológicos. Do estresse e ansiedade a problemas de má oclusão ou fechamento inadequado da boca, muitas são as causas do bruxismo. Confira!
Ansiedade
Dentre os motivos mais facilmente associados ao bruxismo, estão os emocionais. Sensações de ansiedade, estresse, raiva e tensão provocam esse ato semivoluntário, quando diurno, ou completamente inconsciente, quando noturno.
É possível, ainda, que ele seja uma resposta à dor de ouvido ou de dentes e acabe se tornando um hábito, especialmente em crianças.
Apneia do sono
Outras causas comuns do bruxismo são os distúrbios do sono que envolvem problemas respiratórios, como o ronco e a apneia.
Refluxo
O refluxo do ácido gástrico do esôfago para a boca, causando uma sensação ruim durante o sono, também pode provocar o apertar e ranger dos dentes, como resposta ao incômodo.
Doenças neurológicas
O problema pode se manifestar como uma complicação de doenças como os males de Parkinson e Huntington. Além disso, pode ser um efeito colateral pouco comum de alguns medicamentos antidepressivos, como a fluoxetina.
Além de todas essas causas, podem ser considerados fatores de risco para o problema o estresse, a idade (mais comum na infância) e o uso de substâncias estimulantes, como cafeína, álcool, nicotina e outras drogas.
Quais os sintomas mais comuns?
Embora o bruxismo não seja um problema grave de saúde, suas consequências podem afetar bastante o bem-estar geral de quem apresenta o distúrbio. Os sintomas diretos e indiretos são diversos e interferem bastante na qualidade do sono do portador.
É essencial ficar de olho nos sinais que o corpo dá. Sentir dor nunca é algo normal e, na maioria das vezes, significa que seu organismo está tentando alertar sua consciência para algum problema que pode estar acontecendo.
Os sintomas mais comuns podem ser de ordem muscular ou articular, além das sensações de sonolência e cansaço e da dificuldade de concentração, decorrentes da noite maldormida. Entre os principais, podemos citar:
- alterações do sono;
- dentes achatados, quebrados ou amolecidos, soltos;
- dor, zumbido ou pontadas no ouvido;
- dores de cabeça, pescoço, mandíbula ou face, devido ao tensionamento dos músculos;
- esmalte dental desgastado ou trincado;
- estalos e crepitação ao abrir e fechar a boca;
- limitação de abertura ou fechamento ou desvios ao abrir a boca;
- problemas posturais, na cervical;
- ranger, às vezes chegando a fazer barulho, ou apertar os dentes, pressionando a arcada superior contra a inferior;
- recuo da língua;
- sensibilidade dentária.
Grande parte desses sintomas decorre do distúrbio da ATM — articulação temporomandibular — ocasionado pelo bruxismo. As crises se manifestam com intensidades diferentes de uma noite para outra.
Fatores de risco
Além dos sintomas descritos acima, existem alguns fatores que elevam o risco de bruxismo em determinados pacientes.
O aumento do estresse ou ansiedade e sensações de frustração e raiva podem levar ao ranger excessivo dos dentes. Além disso, pessoas com personalidades mais agressivas, hiperativas e competitivas podem sofrer mais com o distúrbio.
Como tratar o problema?
O bruxismo, em si, não tem cura. No entanto, algumas ações podem ser tomadas para aliviar a dor e os sintomas. Dentre elas, medidas paliativas, como o uso de uma placa dentária durante a noite, ou que controlem as causas associadas ao problema, como o estresse.
Placa de proteção dentária
Trata-se de um dos recursos mais indicados para o tratamento de bruxismo. As placas de proteção não atuam diretamente na causa do problema, tendo como objetivo apenas a proteção da arcada dentária, ajudando a restringir os movimentos dos músculos mastigatórios e evitando os desgaste e outros danos aos dentes.
O seu uso precisa ser diário, sendo essa a única maneira eficiente de prevenir e desprogramar (momentaneamente) os reflexos musculares do seu corpo. É importante lembrar que o uso descontínuo das placas não é eficaz, já que a adaptação prévia é essencial para não atrapalhar a qualidade de sono.
Tipos de placas de proteção
Elas são moldadas sempre de acordo com o formato da arcada dentária de cada paciente. Essas placas, conhecidas como interoclusais, podem ser flexíveis (de silicone) ou rígidas (de acrílico).
Apesar de serem confeccionadas em dois tipos de materiais, o acessório feito em resina acrílica rígida costuma ser o mais eficiente. Isso, porque a placa de silicone não impede o ranger dos dentes e pode ser perfurada facilmente.
Por outro lado, esse tipo de placa é indicado para quem deseja evitar os desgastes dos dentes ou sofre com uma disfunção temporomandibular (DTM) decorrente do bruxismo.
Correção da mordida
Quando a condição é consequência de um problema de alinhamento da mordida, a correção é um caminho. A redução da exposição de um ou mais dentes pode ajudar a igualar a mordida.
Isso pode ser feito por meio de restaurações na coroa ou uso de aparelho ortodôntico, a depender do caso.
Medidas de relaxamento
Ainda que não seja causado exclusivamente por questões emocionais, o bruxismo quase sempre está associado a elas, sendo agravado pelo estresse físico ou psicológico. Assim, vale investir em técnicas de relaxamento muscular, como exercícios, massagem e compressas quentes.
Encontrar atividades relaxantes, como meditação, yoga e alongamento, também é uma maneira de buscar o equilíbrio. Outras recomendações, como não mastigar sistematicamente chicletes ou objetos duros — lápis e canetas, por exemplo — e evitar apertar os dentes quando estiver concentrado em uma tarefa ou fazendo força, também são importantes.
Quais fatores emocionais influenciam o bruxismo?
Como vimos, na maioria das vezes, o bruxismo — especialmente o diurno — está ligado a fatores psicológicos, já que, devido a mecanismos centrais do corpo, os pacientes tendem a contrair excessivamente os músculos da face.
Ansiedade e estresse são os principais fatores emocionais para esse distúrbio, mas ele também pode estar presente quando o paciente está realizando alguma atividade que dependa de muito foco e coordenação.
Em diversos casos, em conjunto com a placa dentária, a terapia e o tratamento com ansiolíticos são recomendados para o controle emocional, o que acaba refletindo na melhora do quadro.
Procurar não deixar que as situações do dia a dia tirem você do sério é uma boa maneira de tentar controlar os fatores emocionais ligados ao bruxismo. Outra forma é praticar atividades físicas, para diminuir a ansiedade e controlar os níveis hormonais do corpo.
A melhor maneira de identificar o problema é visitar regularmente o dentista. A partir do exame clínico, ele pode detectar alterações nos seus dentes e atuar para evitar danos maiores a essas estruturas. Se você se identificou com algum sinal ou sintoma relatado aqui, converse com seu dentista e entenda mais sobre o bruxismo.
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