Ao olhar para uma empresa, mesmo de longe, você será capaz de identificar alguns elementos-chave a respeito dela e até de associá-la a algumas palavras e ideias. Um exemplo é o Google. É comum que, ao pensar nele enquanto companhia e empregador, a pessoa o relacione com inovação, marketing, conhecimento ou tecnologia. Isso se justifica por meio da cultura organizacional.
A cultura de um negócio é como se fosse a identidade dele. Ela não reúne apenas o que seus sócios e stakeholders falam, assim como não somos apenas aquilo que dizemos ser. Afinal, nossa personalidade abrange dezenas de características que, às vezes, nem nós mesmos reconhecemos, mas quem nos conhece e assiste à nossa postura consegue percebê-las.
Com a cultura, é igual. Longe de ser descrita apenas pelo que a missão, a visão e os valores estampam na parede da recepção, esse conceito é definido e reforçado no dia a dia, confirmando ou não o que a empresa deseja mostrar para os seus clientes e a sociedade.
Neste artigo, vamos falar sobre esse assunto e mostrar qual a importância de implementar uma cultura que seja estratégica para o negócio. Confira!
O que é cultura organizacional?
Também conhecida como cultura corporativa ou empresarial, trata-se do conjunto de práticas e crenças amparadas em atitudes, normas, valores e expectativas que os integrantes de um negócio compartilham. Na realidade, funciona como uma via de mão dupla: ao mesmo tempo que as pessoas influenciam a cultura, também são influenciadas por ela.
A cultura é construída de forma intencional ou não, o que significa que é um assunto de extrema importância para a gestão, visto que pode impactar positiva ou negativamente o futuro da companhia.
Muitos executivos já têm concordado com isso, pois, em uma pesquisa realizada pela Universidade Duke, uma das mais tradicionais dos Estados Unidos, com milhares de executivos, tanto americanos quanto europeus, foi identificado que 90% deles reconhecem a importância da cultura organizacional. Em contrapartida, apenas 15% afirmaram que a empresa que representam está, no momento, agindo intencionalmente em favor dessa construção.
A missão de implementar uma cultura sólida não é uma tarefa exclusiva da alta gestão nem da área de Recursos Humanos. Trata-se de uma estratégia complexa, que exige muito planejamento e consistência, para render os objetivos esperados. Por isso, é tão desafiadora.
A cultura deve começar na prática, não no papel. As definições servem apenas como um reflexo daquilo que funcionários, stakeholders, sócios, clientes e pessoas no geral enxergam na marca.
O que compõe a cultura organizacional?
A cultura corporativa se fundamenta em três níveis: as pressuposições, os valores compartilhados e os artefatos. Conheça cada conceito a seguir.
Pressuposições
Sabe aquele sentimento que você não compartilha com ninguém? Ou uma percepção bastante particular sobre algo? Para uma pessoa jurídica, no contexto em que estamos abordando, esse é o nível de pressuposições da sua cultura. Esse componente abrange mais profundidade, pois se refere ao que não é exposto nem falado, podendo ser apenas observado.
Por isso, a maneira mais eficaz de conhecer as pressuposições de uma cultura organizacional é analisar como as pessoas se comportam enquanto trabalham, relacionam-se entre si e, ainda, lidam com situações adversas.
Valores compartilhados
Geralmente, os valores, antes de serem compartilhados, foram idealizados por quem fundou a empresa. Faz sentido, não é? É normal que o proprietário indique os princípios e os padrões que devem ser levados em conta no seu negócio e, claro, divididos com os futuros colaboradores.
Naturalmente, vindo da cabeça de alguém, esses valores são peneirados pela identidade do próprio fundador. Assim, ele vai trazer características que preza, como transparência, responsabilidade e autonomia. Uma organização com cultura sólida já pauta seu recrutamento e seleção nas habilidades e competências pessoais que casam com sua identidade.
Artefatos
O nível de artefatos é o mais simples de entender e visualizar, pois se refere àquilo que é palpável em uma cultura corporativa. Ao reconhecer um símbolo e associá-lo a uma marca, por exemplo, pode-se afirmar que é a sua cultura. Esse é o componente mais superficial, pois compreende os comportamentos que ficam em evidência para todo mundo ver.
Até o produto ou o serviço que a empresa comercializa, assim como seu próprio ambiente, falam sobre sua cultura. E isso é visto nos artefatos.
Por que a cultura organizacional é importante?
Ter uma cultura organizacional consolidada facilita o caminho da gestão estratégica de pessoas. É fundamental que o empregado ingresse na empresa sabendo o que se espera dele e o papel que vai desempenhar. Assim, o senso de pertencimento, que é essencial para o engajamento, aumenta e contribui para o alcance dos resultados.
No entanto, mais do que isso, a cultura organizacional proporciona outros benefícios. Veja!
Atração e retenção de pessoas
Utilizando novamente o Google como exemplo, provavelmente, você já ouviu alguém falando que gostaria de trabalhar lá, não é? Isso se deve ao fato de que, além de estar presente no maior polo de tecnologia do mundo, a empresa se destaca pela sua cultura, que abrange benefícios flexíveis e inovadores, oportunidades de crescimento e ambiente disruptivo, o que em nada se parece com os escritórios convencionais.
Ainda que isso esteja ligado aos artefatos, ou seja, aos elementos que são palpáveis e fáceis de constatar por qualquer um, não se pode negar que a companhia dá sinais ao mercado de que é focada em inovação, marketing e tecnologia, além de apoiar iniciativas de diversidade e inclusão.
Dito isso, ela facilita bastante o trabalho de um dos seus setores: o de RH. Com crenças e práticas tão transparentes, o negócio vai atrair, naturalmente, profissionais que se identifiquem com esse modelo e propósito, certo? E, assim, ainda terá menos trabalho para retê-los.
Aumento da produtividade
Um dos sinais de uma cultura saudável é um clima organizacional agradável. As equipes se ajudam entre si, os empregados têm abertura para expor suas opiniões e ideias agregadoras e se dão bem, às vezes até expandindo suas relações de trabalho para fora desse ambiente.
Esse clima favorece a produtividade e o trabalho em equipe. A descontração reduz a pressão do local de ofício, e por se identificarem com o que a empresa prega e defende, os empregados trabalham com maior afinco e prazer.
Fortalecimento da marca empregadora
O conceito de marca empregadora se refere à reputação que a organização tem enquanto alguém que emprega. Os benefícios são atrativos? O salário é compatível com as atribuições? O clima organizacional é agradável? As respostas para essas perguntas ajudam a formar uma opinião que, assim como a cultura, deve ir além das palavras.
A cultura também influencia a marca empregadora, principalmente quando é uma cultura de pessoas (vamos explicar os tipos de cultura no próximo tópico!). As práticas de valorização e reconhecimento não têm impacto apenas no lado de dentro, mas também no mercado, atraindo profissionais que desejam agregar e alcançar uma oportunidade.
Alinhamento entre a gestão e os times
Outro ponto vantajoso de uma cultura bem implementada é a facilidade de comunicação tanto de gestão para gestão quanto de líder para liderados. Isso se explica porque existe um padrão de comportamento exigido, assim como um padrão de comunicação esperado. Logo, os colaboradores sabem como proceder.
Assim, é possível poupar trabalho e esforço das lideranças, que não precisam continuamente reforçar regras e pautas com quem faz parte da equipe. Existe menos espaço para a má conduta, e o clima organizacional é o principal favorecido com esse alinhamento.
Quais são os tipos de cultura organizacional?
Há 4 tipos de cultura organizacional que se baseiam nos modelos de negócio: pessoas, papéis, tarefas e poder. Aprenda a diferenciá-los agora!
Cultura de pessoas
Uma cultura de pessoas, como o próprio nome já diz, tem foco nos indivíduos. Mas ela não é composta apenas pelas pessoas que trabalham na empresa. Esse tipo de cultura abrange todas as pessoas, envolvendo colaboradores, clientes, civis etc.
Apesar disso, naturalmente, quem se beneficia mais diretamente são os funcionários. Por isso, empresas que prezam essa cultura tendem a investir mais em salários competitivos, benefícios flexíveis, ações de reconhecimento etc.
Cultura de papéis
Aqui, os papéis são as posições ocupadas hierarquicamente, que são mais rígidas. Devido a isso, há menos chance de crescimento interno. O processo de tomada de decisão obedece a essa escala, e as regras e funções são bem definidas.
Cultura de tarefas
Criatividade e autonomia são palavras de ordem nesse tipo de cultura. Nela, os funcionários têm liberdade para atuar em seus projetos, assumindo responsabilidades com a oportunidade de se desenvolverem, elaborando soluções criativas. Nesse caso, o comprometimento é essencial, pois o papel da gestão não inclui acompanhar a execução de cada atividade.
Cultura de poder
Esse modelo é visto com frequência em empresas familiares, nas quais a figura do dono é muito forte. Nele, e em algumas pessoas especificamente, fica centralizada a tomada de decisão. Assim como na cultura de papéis, há pouca oportunidade de crescer e, embora não haja muitas regras, existe muito foco e cobrança por resultados.
Como implementar a cultura organizacional?
Não existe uma receita para implementar a cultura organizacional, mas podemos sugerir algumas boas práticas para nortear o caminho de quem reconheceu o poder desse grande recurso. Confira!
Alinhe os objetivos estratégicos
O movimento sustentável tomou o mercado, e vemos com frequência diversas ações e iniciativas voltadas a esse fim. O iFood, por exemplo, se comprometeu a reduzir o impacto ambiental gerado pelo delivery, com a meta de limitar o uso de materiais descartáveis e de ter uma emissão neutra de carbono até 2025.
Se esse também é um posicionamento importante para seu negócio, sua cultura deve estar alinhada com isso, com regras que priorizem a proteção e a economia dos recursos no dia a dia operacional.
Recrute perfis compatíveis
Já afirmamos que um dos processos que mais se beneficiam com uma cultura sólida é o de recrutamento e seleção. Porém, quando ela ainda está sendo implementada, ele continua sendo uma porta para fortalecê-la. É a chance de encontrar profissionais compatíveis com o que a empresa prega.
Ainda que nem tudo possa ser testado nas primeiras fases, é preciso treinar bem quem você recruta para priorizar candidatos mais assertivos e alinhados com o modo de pensar e agir da empresa.
Promova a cultura internamente
Não dá para focar em quem está do lado de fora e esquecer o mais importante: quem já faz parte do time! Por isso, aproveite toda e qualquer oportunidade para promover a identidade da empresa. Mais que estampar a missão, a visão e os valores, procure meios de exercê-los no dia a dia, em iniciativas de valorização, reconhecimento e reforço desses ideais.
Fortaleça a comunicação
Além de a comunicação interna precisar refletir a linguagem da organização (que é um dos elementos que formam a cultura), ela também é a principal fonte de informação dos empregados. Isso significa que é por meio dela que eles ficam sabendo sobre mudanças e notícias, desde as mais simples até os comunicados corporativos, com mensagens da presidência, por exemplo.
Desse modo, é uma ferramenta mais que estratégica para manter todo mundo na mesma página, conduzindo as pessoas na direção certa. Se a organização está passando por uma transição de cultura e precisa da colaboração de todos, não é natural que todos devam conhecê-la? Lembre-se de que isso deve acontecer de maneira planejada e objetiva, alcançando todos os públicos e evitando ruídos no processo.
Tenha apoio
Criar uma cultura do zero demanda muito trabalho. Por isso, invista em consultorias e profissionais com bastante conhecimento e experiência nesse ramo, que possam direcioná-lo da maneira mais assertiva e ágil, evitando a perda de tempo com falhas comuns e desnecessárias.
A cultura organizacional é a identidade de uma empresa. Seu ambiente, colaboradores e postura falam mais que quadros na parede. É muito importante que ela seja trabalhada no dia a dia, aparando eventuais arestas e ajudando a construir um clima agradável e amistoso, com o qual os profissionais se identifiquem.
Vale a pena se dedicar a esse processo, pois uma cultura organizacional sólida rende frutos no longo prazo. Ela impacta a reputação e a visibilidade, podendo melhorar o relacionamento entre parceiros e clientes. Sem dúvida, é um recurso estratégico que merece dedicação.
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